21 de setembro de 2008

Hospitalidade no Brasil Império




O presente trabalho faz parte de um conjunto de pesquisas, que buscam entender a história da hospitalidade na América Latina. No presente caso, selecionamos o período Brasil Império, relatado pelo naturalista George Gardner, em sua na obra Viagem ao interior do Brasil: principalmente nas províncias do Norte e nos distritos do ouro e do diamante durante os anos 1836 - 1841, publicado em 1846, 1849 e, em 1973, na Inglaterra traduzida para o português somente em 1942, e reeditada, em 1975 pela Editora Itatiaia e pela Universidade de São Paulo.

Constitui-se em uma das mais belas peças literárias sobre os costumes do Brasil Império, pois Gardner, como naturalista/historiador nato, sentiu-se atraído pela riqueza e diversidade da espécie animal e vegetal brasileira, descrevendo, em detalhes, o cotidiano de suas viagens, com atenta observação para os personagens com os quais se relacionava. Viajou por parte do território nacional, desenvolvendo pesquisas no campo da botânica, da zoologia e da geografia, deixando relatos etnográficos de importância ímpar para a antropologia brasileira e para a própria sociologia descritiva.

Percorreu, durante cinco anos, o Brasil, em viagens de estudo e de coleta de dados. O interessante é que suas observações vão além do interesse profissional e avançam para questões ligadas à hospitalidade do povo brasileiro, descrevendo roteiros, detalhando o tratamento que recebeu de nacionais, no campo da gastronomia e hospedagem. Nesse caso, podemos afirmar que alguns escritos sobre o Brasil Colônia e Império resultaram em roteiros preciosos para a historiografia sobre o Brasil, no campo da hospitalidade e do turismo, como já registramos em trabalho publicado em 2001, na Revista Turismo em Análise da ECA/USP:

Os roteiros do século XVIII podem ser vistos como roteiros turísticos, pois já se configuram em um produto com valor de uso e de troca e se colocam ao mundo como uma mercadoria a ser consumida pelo interesse econômico e geopolítico. (Santos Filho, 2001: 79)

Gardner chegou ao Brasil em 1836, permanecendo aqui até 1841. Escreveu uma obra literária rica em observações para a elaboração de roteiros, bem como descrições do cotidiano das diferentes classes sociais que compunham a estratificação social e o modo de ser da população daquela época.

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